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[16 de outubro de 2013]
Uma exposição dentro de um espaço institucional é como um mapa. As paredes são as fronteiras e os objetos dispostos no espaço são como cidades, bairros ou vielas. Tratando-se de uma exposição coletiva, essa semelhança fica ainda mais clara e, geralmente, cada artista é mediado como a unidade de um arquipélago.
A presente reunião de trabalhos deseja, primeiramente, questionar esta costumeira concepção da sala de exposição como um cubo branco dotado de uma narrativa linear. No lugar de usarmos a figura de uma ponte para o espaço entre as imagens aqui reunidas, talvez fosse mais interessante pensar na ideia de contaminação. Nosso olhar vai de encontro a um trabalho e, de diferentes modos, é direcionado a outra proposição visual. Cada visitante jogará os dados, obterá um resultado e realizará um trajeto espacial singular.
Além disso, os objetos artísticos aqui mostrados também podem ser lidos através destes três elementos. Alguns dos trabalhos de Luciana Maia, por exemplo, lidam com a ideia de recorte – seja este de um momento vivido na rotina de sua casa, seja ele mais formal e advindo da fotografia de um canto. O papel, por sua vez, surge como propulsor do trabalho de Bete Esteves e como tema pictórico de Fred Carvalho. Ao eleger papéis descartados por suas companheiras de exposição como mote de suas pinturas, o artista explora formalmente um mero dejeto através de luz e sombra. Em sentido semelhante, a outra artista convida o público a descartar coletivamente o mesmo material, base de qualquer comentário escrito. Enquanto isso, as estruturas criadas por Leandra Espírito Santo levam à reflexão sobre o peso. Se à distância parecem pesadas, um olhar mais atento denunciará a contradição destas formas orgânicas quando associadas a pedras.
Que este jogo de apreciação se inicie através destes três simbólicos objetos e que tenha um desconhecido ponto de chegada. Na ausência da ansiedade pelo chegar, é feito o convite para a lenta apreciação do percurso de ida.
(texto feito originalmente para a exposição "Pedra, papel, tesoura...", no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro, entre até 22 de fevereiro e 21 de abril)